
Como forma de inaugurar aqui esse tema, sobre o qual ainda quero falar muito, é importante que eu o faça de um lugar humano, para que vocês me conheçam e possamos iniciar uma relação (mesmo que virtual).
Bom, eu sou pai do Leleo (3 anos) e da Júlia (9 meses). Assim que soube que estávamos grávidos, decidi voltar à terapia com o objetivo de não repetir com meus filhos coisas que vivenciei na minha própria infância. O medo de repetir meu passado era tão grande que saí em busca de todo tipo de ajuda que eu poderia ter. Além da terapia, busquei ler tudo o que encontrava por aí disponível. O que eu não percebi na hora é que eu estava navegando na relação com meu filho com mapas, sem olhar o território. Eu fiquei muito intelectual, racional e pouco conectado. Agia de acordo com as dicas dos especialistas, sem ouvir minha intuição.
Eu não quero aqui dizer que não devemos mais ler e nos informar; acho que a educação é fundamental para o exercício deste papel. Só acho que há uma hiperestimulação desse lado e um atrofiamento do outro: o da conexão relacional e emocional. E esse é um lado que nós, homens, geralmente somos desencorajados a experimentar e que faz falta quando os mapas externos falham e precisamos buscar dentro de nós uma resposta.
É como diz o sábio mestre Oogway, da animação Kung Fu Panda:
"Às vezes encontramos nosso destino no caminho que tomamos para evitá-lo."
O problema é que os mapas externos são criados com base em realidades genéricas, que nunca se encaixam nas nossas e que nos fazem ficar acostumados a buscar fora sempre que não sabemos como lidar com uma situação.
Devagarinho (devagar nisso!), comecei a buscar mais conexão e menos informação para lidar com meus filhos! Isso resolveu todos os meus problemas com eles? Não, volta e meia fico com raiva e perdido, sem saber como agir, porque há coisas que só vamos aprender por tentativa e erro. Nossa intuição nos ajuda, mas não resolve todos os problemas. A vantagem de segui-la, na minha experiência, é que, no esforço para me conectar e compreender meus filhos, eu vou aprendendo mais sobre eles e isso vai me fortalecendo. Os manuais e dicas até funcionaram para algumas situações, mas eu sentia como se eu estivesse apenas reproduzindo uma fórmula, sem entendê-la, sem saber exatamente por que deu certo. E quando ela parava de funcionar, eu ficava perdido.
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